domingo, 15 de fevereiro de 2009

6. A Pesquisa Científica - como projetar - 1ª parte

6. A Pesquisa Científica - como projetar - I

Para se chegar à ciência, ao conhecimento, o caminho é a pesquisa. Pesquisa é o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta para alguma coisa. Em se tratando de ciência, a pesquisa é a busca de solução a um problema, em que alguém queira saber a resposta. Através da pesquisa se produz ciência. É pela pesquisa que atingimos resultados.

Nas aulas dos Módulos nº 6 e 7, estudaremos a estruturação de um projeto de pesquisa a partir das partes básicas que compõem um plano científico:

TEMA
PROBLEMA
HIPÓTESE
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
Geral
Específicos
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
REVISÃO DA LITERATURA
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Método
Técnicas
RECURSOS HUMANOS, MATERIAIS E FINANCEIROS
ORÇAMENTO
CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS




6. 1 Tema


Quando se pensa num trabalho acadêmico, e especificamente num projeto de pesquisa, deve-se iniciar a atividade pela definição do tema a ser pesquisado. Este é, obrigatoria e indispensavelmente, o primeiro passo. A importância desse momento reside em indicar qual é a "pergunta" que visa ser respondida com este estudo a que o aluno se propõe.

Citando Anete Abramowicz, em “Como definir um tema” Luciana Fleury entende que:

Não basta apenas descobrir a "pergunta" que se pretende responder, é preciso, ainda, descobrir que "respostas" já foram dadas para ela. Ou seja, é preciso analisar o que já foi pesquisado sobre o tema e, muito provavelmente este exercício acabará por reformular a pergunta. Não é porque ela já foi respondida que ela não possa ser novamente formulada. Até porque é extremamente difícil encontrar um tema completamente novo. "Não se pode achar que se está inventando a roda pela primeira vez", alerta Anete. Uma resposta pode ser continuada, ampliada. Mas deve-se se saber o motivo para esta nova formulação, o que se espera obter com isso. "O que se deve fazer é tentar localizar a ‘pergunta’ dentro das repostas já obtidas", finaliza Anete (FLEURY, Internet).

Em 2004, o uruguaio Jefferson Carús Guedes, no texto O autor em busca de um tema, publicado no site “Pesquisa jurídica universitária”, associa interessante dualidade de identidade entre autor e tema, ao expor que para a perfeita associação entre autor e tema a empatia deve ser total. Ele menciona Américo Plá Rodríguez, quando este define o momento da identidade entre autor e tema como mágico e assemelhado ao enamoramento, interesse que não deriva da beleza, das virtudes, da simpatia do objeto desejado.

Atraente é o tema que desperta a paixão do pesquisador, estimulando o prazer da conquista e o envolvimento, esse é o interesse subjetivo. Se não houver esse entusiasmo, é melhor que se busque outro tema. Por tal razão, não raro, quando encontramos esses apaixonados, o que ouvimos deles é a incansável exaltação da sua paixão, seja ela o amado ou o tema da pesquisa. Essa escolha, ainda que arbitrária, mantém certa coerência com fatores objetivos, como a capacidade do autor, a disponibilidades de meios (fontes disponíveis) e a proporcionalidade entre a sua extensão e o tempo disponível (GUEDES, Internet).

Se não encontrar um tema mesmo depois de muito pensar, recomenda-se ao aluno que, faça uma nova tentativa:

Mas se até agora não estão maduros os assuntos, se não há ainda um tema, isso não é o fim. Procure as revistas especializadas na área de interesse, lá pode estar uma idéia para um tema. Assuntos já estudados não estão vedados a novas abordagens, podendo ser revistos ou complementados criticamente. (...). Mas sem esquecer, o tema está dentro do autor. A ilusória procura fora é apenas exercício, para, finalmente encontrá-lo dentro (GUEDES, idem).

Guedes continua sua exposição, sugerindo ao iniciante tentar uma nova aproximação: “Há também a possibilidade do contato com professores dedicados à orientação ou professores pesquisadores, com linha própria de pesquisa que pode ser o abrigo para o trabalho do aluno. Também o debate com profissionais (...) pode fazer aflorar temas palpitantes, de interesse prático” (GUEDES, Internet).

No Guia para a confecção de projetos de pesquisa consta no site Politikon que, na introdução de qualquer tipo de trabalho científico, espera-se encontrar o tema. Entretanto, é sabido que a escolha de um tema é, provavelmente, uma das coisas mais difíceis para um pesquisador iniciante.

Pesquisadores experientes costumam desenvolver técnicas de documentação do trabalho científico que lhes permitem não só extrair de seus arquivos tais temas como trabalhá-los concomitantemente. Mas um estudante de graduação geralmente não acumulou o volume de informações necessário para tal empreendimento. Um bom começo, portanto, é conhecer o que outros já fizeram, visitando bibliotecas onde seja possível encontrar monografias de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Tais trabalhos podem servir como fonte de inspiração, além de familiarizar o aluno com os aspectos formais, teóricos e metodológicos do trabalho científico (in Politikon, Internet).

Temos aqui três regras básicas para a escolha do tema:

A primeira regra é bastante simples: o pesquisador deve escolher um tema do qual goste. O trabalho de pesquisa é árduo e, às vezes, cansativo. Sem simpatizarmos com o tema, não conseguiremos o empenho e a dedicação necessários.

A segunda regra é tão importante quanto a primeira: o pesquisador não deve tentar abraçar o mundo. A tendência dos jovens pesquisadores é formular temas incrivelmente amplos, geralmente resumidos em uns poucos vocábulos. (...). É preciso pensar muito bem antes de seguir esse caminho. O pesquisador inexperiente que enveredar por ele terá grandes chances de produzir um estudo superficial, recheado de lugares comuns.

Uma terceira regra vale ser anunciada: o tema deve ser reconhecível e definido de tal maneira que seja reconhecível igualmente por outros (Eco, 1999, p. 21). Ou seja, deve ser aceito como um tema científico por uma comunidade de pesquisadores (Politikon. In Internet).

Já segundo o professor José Luiz de Paiva Bello, existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa. A seguir, relacionamos algumas questões que devem ser levadas em consideração nesta escolha:

Fatores internos

• Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal. Para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento.
• Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa. Na escolha do tema temos que levar em consideração a quantidade de atividades que teremos que cumprir para executar o trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos que temos que cumprir no nosso cotidiano, não relacionado à pesquisa.
• O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema pretendido. É preciso que o pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua área. Se minha área é a de ciências humanas, devo me ater aos temas relacionados a esta área.

Fatores Externos

• A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais. Na escolha do tema devemos tomar cuidado para não executarmos um trabalho que não interessará a ninguém. Se o trabalho merece ser feito que ele tenha uma importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade em geral.
• O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho. Quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não podemos nos enveredar por assuntos que não nos permitirão cumprir este prazo. O tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho.
• Disponibilidade de material de consulta e dados necessários ao pesquisador. Um outro problema na escolha do tema é a disponibilidade de material para consulta. Muitas vezes o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga ao pesquisador buscar fontes primárias que necessita de um tempo maior para a realização do trabalho. Este problema não impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado.

No texto “O problema: o que pesquisar?”, que encontramos disponibilizado na web, mais especificamente voltado a estudantes de Direito, lemos que a eleição do tema da pesquisa deverá iniciar-se pela área do conhecimento humano na qual o aluno pretende trabalhar. Deste texto, extraímos as idéias principais.

Quanto mais específica for a área escolhida, mais fácil será para o pesquisador encontrar seu objeto de pesquisa. Muita vez, o aluno deseja trabalhar a partir de dois ou mais ramos do conhecimento humano. Nestas hipóteses, o trabalho poderá ser multidisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou mais ramos do conhecimento), interdisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou mais ramos do conhecimento relacionando-os entre si) ou mesmo transdisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou mais ramos do conhecimento, dando origem a um novo, distinto dos anteriores).

Selecionada a área do conhecimento em que o aluno pretende trabalhar, deverá ele escolher um problema a ser solucionado nesta área do saber.



6. 2 Problema



No primeiro momento do planejamento de qualquer pesquisa, elegem-se: o tema, a formulação do problema, a especificação dos objetivos, a construção das hipóteses, a operacionalização dos conceitos, etc. Como pode observar, a FORMULAÇÃO DO PROBLEMA vem no começo, ou seja, antecede as demais partes textuais, isto porque também é a mais importante. Tanto é verdade que, sem problema não há pesquisa, ou melhor, só existe pesquisa se houver um problema a ser trabalhado. Aliás, já na Introdução do seu projeto, até para despertar e prender a atenção do leitor, o pesquisador deve sugerir o problema.

A introdução é a primeira parte do "corpo” de um trabalho científico e dela devem fazer parte:

- Antecedentes do problema, tendências, pontos críticos; caracterização do tema e da organização.
- Formulação do problema que inclui: dados e informações que dimensionam a problemática.
- Objetivos: que traduzem os resultados esperados com a pesquisa.
- Justificativas: corresponde a defesa da pesquisa quanto a sua importância, relevância e contribuições.

O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa (In: BELO, internet). Lembre-se que hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição), que o pesquisador tenta responder ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. Diante do problema, então, o trabalho de pesquisa, irá confirmar ou negar a hipótese (ou suposição) levantada.

Na Normalização de Trabalhos Acadêmicos da UnC, à página 13, consta que “problema consiste em dizer de maneira explícita, compreensível e operacional, qual a dificuldade – teórica ou prática – que se pretende resolver por meio da pesquisa” (GRUTZMANN, internet).

Ao enunciar um problema, você deve lembrar que ele deve ser:

1. situado no tempo e no espaço, localizadas as fontes de origem;
2. formular de forma interrogativa;
3. claro e preciso;
4. delimitado a uma dimensão viável

Ao elaborar um projeto de pesquisa, o investigador deve formular a situação-problema, ou seja, deve esclarecer a questão que o preocupa, inquieta ou desperta a sua curiosidade. Nesta seção, o problema é definido, de maneira bem específica, o que facilitará inclusive a escrita da seção seguinte do mesmo projeto, a formulação de objetivos. Esta situação-problema geralmente é a descrição da dificuldade básica, a necessidade sentida.

Numa possibilidade de Dissertação de Mestrado, por exemplo, o Problema constituiria o primeiro capítulo da tese, este abrangendo os itens: formulação da situação-problema, objetivos do estudo, justificativas, hipóteses, pressupostos, delimitações, conceituação de termos. O segundo capítulo trataria da Metodologia. Então, basicamente, o problema é o objeto do estudo. Lembre-se que objeto não é a mesma coisa que objetivo.

Problema de Pesquisa: Consiste numa pergunta ou afirmação que revela uma situação de inquietação ou perplexidade diante de algum aspecto do conhecimento, que leva à definição de um objetivo e à formulação de indagações ou hipóteses (BASTOS, et. Al., 1998, p. 93).

Na mais popular das enciclopédias que usam hipertextos, na web, encontramos explicações diversas para o significado do vocábulo problema na ciência:

Na matemática, um problema é uma questão proposta em busca de uma solução. Um problema matemático pode ter solução como não, algumas vezes possui diversas soluções. Muitos problemas estão em aberto, ou seja, sem solução conhecida. [...].
Na psicologia, um problema é qualquer questão que pode dar margens a hesitação ou perplexidade, pela dificuldade de explicação ou resolução. Sendo assim pode ser, em alguns casos, um conflito afetivo que afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo ou grupo de indivíduos. [...].
Problema (no latim Problema), para a filosofia é, em geral, qualquer situação que inclua a possibilidade de uma alternativa. Não deve ser confundido com a dúvida, que é uma questão do ser, uma confusão de crença do mesmo. Ao ser solucionada, a dúvida se torna crença ou descrença. O problema, por sua vez, ao ser solucionado não deixa de ocorrer, necessariamente, dando origem ao conceito de problematicidade. Problema é a constatação de que um fenômeno observado não tem sentido único, ele pode ser confeccionado por várias alternativas. [...].
Dewey, em Lógica, (1939, Cap. VI) propôs uma boa definição de problema: é a situação que constitui o ponto de partida de qualquer indagação, ou seja, a situação é indeterminada. Ela se torna problemática no próprio processo de sujeição à indagação. A enunciação de um problema permite a antecipação de uma idéia sobre sua solução (Problema. Disponível em < http://pt.wikipedia.org>. Acesso em maio de 2007).

Se definir o que se vai pesquisar é o primeiro passo, isso quer dizer que, antes de tudo, é necessário encontrar-se o problema. Concluímos, acrescentando que

Todo pesquisador precisa ter um problema de pesquisa. E é justamente o problema que o torna um pesquisador. Sem problema não há pesquisa. Problema está relacionado a dúvida. E se não temos dúvidas, pra que pesquisar? [...]. O problema de pesquisa é a pergunta a que o pesquisador busca responder durante a execução da pesquisa. E é a partir do assunto ou tema que ele define essa pergunta. [...]. (DOXSEY & DE RIZ, ESAB, Internet).



6. 3 Tema-Problema



Na realidade, muitos dos pretensos trabalhos científicos produzidos em nossas universidades não passam de manuais ou resumos da matéria objeto de estudo sem qualquer caráter inovador. Evidentemente, tais obras têm uma grande importância como material didático, mas decididamente não é esta a finalidade das teses, dissertações e monografias de final de curso, que necessariamente devem propor uma solução para um problema previamente definido. A escolha do tema-problema deverá pautar-se pelo binômio interesse-capacidade pessoal e social na resolução do problema. Assim, quatro perguntas básicas deverão ser respondidas positivamente para que o tema possa ser eleito com acerto:

a) Tenho interesse no problema? (curiosidade pessoal e/ou profissional em relação ao problema)

O pesquisador deve se sentir atraído pelo problema proposto. Sua curiosidade quanto ao tema de estudo pode provir de interesses pessoais ou profissionais. Para um policial, a pesquisa em Direito Penal pode ser atraente por sua experiência profissional; para um aficcionado em computadores, um trabalho transdisciplinar envolvendo o Direito Penal e a Informática será um tema irresistível.

b) Sou capaz de resolver o problema? (conhecimento e experiência em relação ao problema)

O pesquisador deve propor um problema que tenha maior facilidade em resolver por seus conhecimentos e experiência anterior à pesquisa. Por mais que alguém se interesse por computadores, certamente não poderá realizar um grande trabalho em Direito Informático se não tiver o mínimo de conhecimento em Informática. Na eleição do problema a ser pesquisado vale a lei do mínimo esforço: o pesquisador deverá optar por temas em que seus conhecimentos prévios lhe possam ser úteis.

c) Há interesse social na resolução do problema? (originalidade e relevância social do problema)

O pesquisador deve propor problemas originais, pois de nada adianta escolher um tema exaustivamente discutido na doutrina. Um problema que pode ser solucionado através de uma simples pesquisa doutrinária ou jurisprudencial não é adequado para ser objeto de uma pesquisa. Na academia são comuns "modismos" em relação aos temas de pesquisa o que, muita vez, acaba originando inúmeros trabalhos com conclusões absolutamente idênticas, nada acrescentando à literatura já existente. Por outro lado, toda pesquisa tem uma função social que não pode ser desprezada. Por mais que o problema "pode o crime de adultério ser cometido pela Internet?" possa despertar curiosidade no pesquisador, sem dúvida seu interesse social é mínimo. A solução do problema deve ser socialmente útil.

d) A sociedade em que vivo me oferece recursos para solucionar o problema? (bibliografia, financiamento, possibilidade de coletar dados, prazo para apresentar os resultados, etc)

O pesquisador deve analisar se dentro do contexto social em que irá pesquisar será viável alcançar a solução do problema. Se sua proposta for pesquisar o Direito Penal de Cabo Verde, deverá certificar-se se terá acesso à legislação e a livros doutrinários daquele país. Se necessitar de verbas ou de autorizações para coletar dados, deverá ter certeza de poder obtê-los.

Por fim, o investigador deverá lembrar-se de que sua pesquisa não poderá durar eternamente e portanto seu tema deverá necessariamente estar delimitado principalmente quanto ao objeto, quanto ao tempo e quanto ao espaço. Delimitado o tema-problema, deverá o pesquisador oferecer uma resposta provisória a sua indagação. Esta resposta provisória que é dada ao problema denomina-se hipótese e, sobre ela o pesquisador irá traçar seu objetivo que, em última análise, será testar a veracidade ou não da resposta previamente apresentada.



6. 4 Hipótese


Cada vez mais a ciência acredita na necessidade de se iniciar uma investigação com uma explicação sugerida, ou seja, com uma suposição. É aí que o pesquisador propõe uma hipótese, ou várias hipóteses, que serão os instrumentos de trabalho do pesquisador. Os cientistas caminham em suas investigações, guiados por hipóteses. Temos então que “Hipótese é a solução provisória proposta como sugestão no processo de investigação de um problema. O principal objetivo da investigação científica é, justamente, o de saber se essa sugestão apresentada, isto é, a hipótese, será corroborada ou falseada” (KÖCHE, 1978, 50).

HIPÓTESE é vocábulo de origem grega (hypo = sob, abaixo + thésis = colocação, proposição, tese). Hypothésis significa: ação de pôr embaixo, base, fundamento; princípio de algo; conjectura; idéia fundamental; suposição.

Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, Hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição), que tente responder ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. Após a observação dos fatos ou fenômenos o cientista cria uma hipótese para explicar, provisoriamente, as indagações e os questionamentos colocados. É uma pré-solução para o problema levantado.

Quando abordamos o tema “método”, observamos que método científico é um conjunto de regras básicas, que existem para um cientista desenvolver uma experiência, a fim de produzir determinado conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É baseado em juntar evidências observáveis, empíricas e mensuráveis, baseadas no uso da razão.
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Uma hipótese é uma teoria provável, mas ainda não demonstrada, ou seja, é uma suposição admissível. Hipótese é a afirmação, enquanto ainda não comprovada, sobre algum fenômeno.
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Embora os procedimentos variem de uma área da cientifica para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos. Primeiramente os pesquisadores-cientistas propõem hipóteses para explicar certos fenômenos, e então desenvolvem experimentos que testam essas previsões. Diante dos resultados obtidos, teorias são formadas juntando-se hipóteses de uma certa área em uma estrutura coerente de conhecimento. Isto ajuda na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior.

Hipótese é o enunciado de uma solução estabelecida provisoriamente como explicativa de um problema qualquer. Ruiz complementa este conceito, expondo que “Toda hipótese deve ser enunciada em proposição verificável, para que seja científica e não puramente metafísica. Diríamos, pois, que a hipótese científica representa a opinião do pesquisador à procura de evidências posteriores e observáveis que a sustentem e comprovem” (RUIZ, 1976, p. 54).

No pensamento científico, a hipótese – que deve ser plausivel, razoável, verificável – surge logo após a recolha (coleta) de dados observados e diante da necessidade de explicação dos fenômenos associados a esses dados recolhidos. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a Hipótese (ou a suposição) levantada. Também pode-se dizer que uma hipótese é um conjunto de condições que se supõe serem verdadeiras e que são tomadas como ponto de partida para deduções.

A hipótese é normalmente seguida de experimentação, que pode levar à sua verificação (corroboração) ou sua refutação (rejeição). Assim que comprovada, a hipótese passa a se chamar de teoria”, de lei” ou de “postulado”.

As hipóteses, em geral, pertencem ao campo dos estudos experimentais.

A Hipótese surge após a formulação do problema. A dificuldade está presente. Diante dela o investigador deslumbra prováveis soluções. A hipótese envolve uma possível verdade, um resultado provável. É uma verdade pré-estabelecida, intuída, com o apoio de uma teoria. Os fatos poderão verificar ou não a hipótese. [...]. A hipótese indica caminhos aos investigador, orienta seu trabalho, assinala rumos à investigação (TRIVIÑOS, 1987, p. 105-106).

Está publicado na wikipédia que, no estudo dos métodos científicos, as hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no presente e no futuro. Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis passíveis de mascarar o resultado. Neste sentido, temos também que toda hipótese tem que ser falseável ou refutável. Isso quer dizer que, mesmo que haja um consenso sobre uma hipótese ou teoria, é necessário que se mantenha a possibilidade de se refutá-la. Está fortemente associada ao fato que uma teoria nunca é definitiva. E este é um dos elementos mais importantes do método científico.

No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias). A hipótese deverá ser testada em experiências laboratoriais controladas.Se, após muitas dessas experiências, os resultados obtidos pelos pesquisadores não contrariarem a hipótese, então ela será aceita como uma teoria (Método Científico / Hipótese. Disponível em: http://pt.wikipedia.org Acesso em maio de 2007).

As hipóteses devem ser postas à prova, verificadas, aprovadas ou reprovadas pelos fatos. Ao trabalho orientado no sentido de verificar hipóteses, no caso da pesquisa de laboratório, denomina-se “experimentação”. Diz-se que fazer experimentos significa reproduzir fenômenos em condições de rigoroso controle das variáveis, com o objetivo de identificar os fatores antecedentes responsáveis por determinado evento subseqüente.

Na formulação das hipóteses, a reflexão antecipa-se às evidências demonstradas. Na experimentação, falam os fatos e não o gênio do pesquisador. Na hipótese, as idéias prejulgam os fatos; na experimentação, os fatos é que julgam a adequação ou não das idéias, isto é, das hipóteses. Se a inteligência, a sagacidade, a criatividade e a genialidade são a alma das hipóteses, a humildade, a objetividade e a aceitação da linguagem dos fatos são a alma da experimentação (RUIZ, 1976, p. 55).

Diante de um acidente de automóvel, envolvendo um só veículo, que numa curva foi de encontro a um poste, na investigação das causas, pode-se levantar uma hipótese ou várias hipóteses. Busca-se uma explicação para o fato. Provisoriamente, o investigador elegerá uma ou mais causas prováveis para tentar saber o porquê do acidente, levando em conta muitas variáveis, desde o estado do carro, condições da pista, visibilidade, sinalização, a meteorologia, etc. Por exemplo, diante de forte cheiro de bebida alcóolica no veículo usado, pode-se até aventar a hipótese de que o motorista estava alcoolizado. Também pode-se levantar a hipótese de que o carro desenvolvia alta velocidade, ou que os freios falharam quando o motorista tentou reduzir a velocidade, ou, ou, ou. A pesquisa, a investigação (exploração, experimentação), feita com método científico, conduzirá a um resultado (ou ate mais de um), que poderá comprovar ou refutar qualquer hipótese levantada.

Nem toda investigação exige hipótese. Pode exigir um pressuposto, um indicador de possibilidade. Para muitos cientistas, numa monografia só se trabalhará com hipóteses, se o trabalho tratar de um problema de forma quantitativamente estatística, estabelecendo uma relação de causa e efeito. Por outro lado, há os “pressupostos”, estes que são hipóteses qualitativas, sem as exigências e as condições de uma prova estatística rigorosa. Todavia, que fique claro que tanto hipóteses, como pressupostos, consistem em respostas provisórias ao problema formulado.

Assim, ao analisar o tema “questões”, temos que as perguntas têm por propósito encaminhar o alcance dos objetivos. As hipóteses são proposições provisórias que fornecem respostas condicionais a um problema de pesquisa, explicam fenômenos e/ou antecipam relações entre variáveis, direcionando a investigação.



Referências


BELO, José Luiz de Paiva. Metodologia Científica. Disponível em: . Acesso em 2007.
BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia Científica. Disponível em: . Acesso em junho de 2007.
DOXSEY, Jaime Roy. DE RIZ, Joelma. Metodologia da Pesquisa Científica. In: Curso de Pós-Graduação de Gestão Administrativa na Educação. Vila Rica: ESAB, 2006. Módulo de acesso restrito.
FLEURY, Luciana. Como definir um tema. Disponível em: . Acesso em junho de 2007.
GUEDES, Jefferson Carús. O autor em busca de um tema. Disponível em: . Acesso em junho de 2007.
GRÜTZMANN, André; DALBELLO, Liliane. (Coord.) Normalização de Trabalhos Acadêmicos da Universidade do Contestado. Caçador: UnC, 2006. Disponível em < www.cdr.unc.br>. Acesso em maio de 2007.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica. Caxias do Sul: UCS, 1978
LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1995
O problema: o que pesquisar?. Disponível em: . Acesso em junho de 2007.
PLÁ RODRIGUEZ, Américo; GUEDES, Jefferson Carús. Como se escreve um livro jurídico: conselhos a um jovem que vai escrever um livro. Campinas: Edicamp, 2003.
Politikon. Guia para a confecção de projetos de pesquisa. Disponível em
< http://planeta.terra.com.br/educacao/politikon/artigos.htm>. Apud:
. Acesso em junho de 2007.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1976.
UnC. Metodologia Científica. Disciplina de Curso Superior. Concórdia: UnC Virtual, 2007.
WIKIPÉDIA. Problema. Disponível em . Acesso em maio de 2007.

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