domingo, 15 de fevereiro de 2009

7. A Pesquisa Científica - como projetar - 2ª parte

7. A Pesquisa Científica - como projetar - II

Na Metodologia da Pesquisa, quando da construção de um projeto de trabalho científico, na fase de INTRODUÇÃO, após o estudo da obtenção de tema, da escolha e formulação do problema e do levantamento de hipótese, seguem-se interpretações das suas justificativas, sobre os objetivos (geral e específico) de cada empreendimento, da revisão da literatura, e da metodologia empregada, mais previsões de custos e o cronograma, todas peças importantes na continuação do projeto de um estudo.



7. 1 Justificativas



Segundo a maioria dos consultores em Metodologia da Pesquisa, nesta oportunidade o pesquisador tem que declarar os motivos de ordem teórica ou prática que justificam a realização de sua investigação, destacando as contribuições para compreender, interpretar e/ou solucionar o problema a ser estudado.

Esta também é uma das partes mais importantes de um projeto de pesquisa, já que é aqui que se formularão todas as intenções do autor da pesquisa. A justificativa num projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. O tema escolhido pelo pesquisador, o problema e a hipótese levantada são de suma importância de ser comprovada, para a sociedade ou para alguns indivíduos.

A justificativa de um projeto é a argumentação da validade do estudo proposto. A justificativa não fala do tema em si, mas da sua importância enquanto objeto de pesquisa. Na análise de um projeto, esta peça constitui-se de fundamental importância para sua aprovação ou não (BEBBER; MARTINELLO, 2002, p. 35).

Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da justificativa, de não se tentar justificar a hipótese levantada, ou seja, não tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A justificativa exalta a importância do tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento.

justificativa: mostrar o porquê do valor ou significado da proposta de estudo. Não apresenta citação, e sim a criatividade e capacidade de convencer através do conhecimento construído pelo pesquisador. Deve evidenciar a relevância social e acadêmica do assunto, além de explicitar a viabilidade de efetivação (In: Normalização de Trabalhos Acadêmicos da UnC).

Por que minha pesquisa é importante? Qual a contribuição que a pesquisa poderá trazer para o problema investigado? Análises acerca da atualidade do tema tornam-se importante, é um tema atual? Quem está ou já estudou? e sob que recorte? quando foi ou foram realizados estes estudos? Aqui, não se trata de indicar as referências bibliográficas, pois estas farão parte do referencial teórico (VER ADIANTE). Estas questões podem ajudar o pesquisador a construir seus argumentos em relação a insuficiências de informações sobre o seu tema e, em que isso implica do ponto de vista prático, metodológico e/ou teórico.

Espera-se [...] que o pesquisador indique a relevância do seu estudo, considerando aspectos relativos a avanços acadêmicos ou teóricos dentro do campo estudado ou implicações de caráter prático, assim como a possibilidade de contribuir para o aperfeiçoamento de aspectos metodológicos. Respostas a perguntas tais como “A eu pode interessar os resultados da pesquisa?”, ou “Quais são as perspectivas de aplicação científica, tecnológica ou social?”, ou “Que lacunas de pesquisa o estudo preenche?” ou ainda, “Qual a originalidade do estudo em termos de conteúdo, enfoque ou metodologia?”, são capazes, também de esclarecer a importância da pesquisa (BASTOS, et al,1998, p. 2).

Neste item do projeto, além de expor os motivos de ordem pessoais e/ou institucional, o pesquisador apresenta argumentos quanto à importância do ponto de vista social, acadêmico e/ou científico de realizar uma pesquisa acerca da temática, e indica fatores teóricos e/ou práticos que tornam viável a realização do seu projeto. O proponente de uma investigação tem que convencer seu leitor da importância da sua pesquisa. Explicar a contribuição que ela pode trazer para compreensão ou solução do problema estudado.




7. 2 Objetivos


Os objetivos de um trabalho científico dividem-se em objetivos “geral” (um, genérico) e “específicos” (vários, complementares do geral). Segundo Lakatos; Marconi (2001), o objetivo geral possui uma visão global e abrangente do tema, e está vinculado à significação da tese proposta pelo projeto. É neste sentido que se afirma que o objetivo geral consiste numa resposta à pergunta formulada pelo problema de pesquisa. Entretanto, apesar das recomendações, alguns autores não consideram necessário separar ou subdividir os objetivos, alegando que não há regra oficial a ser cumprida quanto a isto.

A fase chamada de “definição dos objetivos” tem a ver com: para o que você vai fazer a pesquisa ou o que se pretende alcançar com a pesquisa, quais os propósitos que o estudioso, enquanto pesquisador, tem ao buscar dados que sirvam para a produção de conhecimentos relacionados ao problema levantado, qual contribuição pretende dar. Tem-se assim que os objetivos decorrem do problema, ou seja, são definidos tomando como base o problema da pesquisa. Eles são construídos a partir do problema e respondem ao “para que” a pesquisa.

A definição dos Objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, de fim. Ao definir os objetivos, o pesquisador amplia as possibilidades de conhecimento sobre o problema, tornando mais explicito o sentido, a utilidade, o produto e o resultado esperado da pesquisa a que propõe elaborar.

Importante: Os enunciados de objetivos sempre iniciam por verbos incoativos, que iniciam uma ação, sem determinar fim, ou seja, por um verbo no infinitivo. Para se definir os Objetivos é obrigatório colocá-los começando com o verbo no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto; procurar aquilo; permitir aquilo outro, demonstrar alguma coisa, fazer, estudar, buscar, concretizar, efetivar, etc..


Objetivo Geral

Por ser a espinha dorsal do projeto, o chamado Objetivo Geral precisa expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende com sua investigação. Não é o que vai fazer (procedimentos). Em se tratando de investigação e não de ação (intervenção), os estágios cognitivos poder ser: conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar, avaliar, dentre outros.

Objetivos Específicos

Na continuação, complementando a idéia do objetivo geral, temos que os objetivos chamados de específicos, “apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, por outro, aplicá-lo a situações particulares” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 219). Os objetivos específicos podem ser melhor compreendidos como sendo etapas de solução do problema, contidas no objetivo geral. Dessa maneira, os objetivos específicos não podem, em hipótese alguma, ultrapassar os limites estabelecidos pelo objetivo geral.

Nos objetivos específicos (sempre mais de um), o problema da pesquisa pode ser detalhado em tantas partes quantas forem possíveis ou necessárias para se alcançar o objetivo geral. Neste caso, ao definir os seus objetivos específicos, você, estudante, estará particularizando as diversas situações contidas no objetivo geral. Os estágios cognitivos podem ser orientados no sentido de diagnosticar, identificar, examinar, verificar, relacionar, realizar, pesquisar, sugerir, dentre outros.


UM EXEMPLO:

Objetivo Geral:

Identificar técnicas de seleção de pessoal que permitam reduzir o índice de rotatividade do pessoal dentro da organização

Objetivos Específicos:

1. Demonstrar os problemas e prejuízos de um alto índice de rotatividade de pessoal;
2. Analisar as técnicas de seleção hoje adotadas pela organização;
3. Analisar as técnicas de seleção recomendadas pela literatura de recursos humanos;
4. Identificar as técnicas mais adequadas às características da organização.

Na formulação dos seus objetivos, o pesquisador deve considerar o que de fato quer alcançar com a pesquisa. Lembremos que existe uma diferença entre investigação e ação.

O documento que trata da Normalização dos Trabalhos Acadêmicos na UnC defende que:

objetivos: o que se quer atingir, para quê e para quem, divididos em geral e específicos: (i.1) objetivo geral: deriva do problema, indicando a grande ação do estudo proposto. Deve iniciar com verbo no infinitivo (investigar, analisar, realizar, etc). Não deve ser tão ambicioso sendo impossível de alcançá-lo, nem tão modesto que se atinja facilmente; (i.2) objetivos específicos: ações específicas que permitirão atingir o objetivo geral, sendo mais detalhados. Devem estar em uma seqüência de ações. A execução do conjunto dos objetivos específicos resultará no alcance do objetivo geral e, conseqüentemente, na resposta ao problema de pesquisa.

Silva e Menezes (2001, p. 31) citam alguns verbos que podem ser usados:

I. Determinar estágio cognitivo de conhecimento: apontar, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, nomear.
II. Determinar estágio cognitivo de compreensão: descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar,identificar, localizar, traduzir e transcrever.
III. Determinar estágio cognitivo de aplicação: aplicar, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar.
IV. Determinar estágio cognitivo de análise: analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar, experimentar.
V. Determinar estágio cognitivo de síntese: articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar, esquematizar.
VI. Determinar estágio cognitivo de avaliação: apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, selecionar, validar, valorizar;



7. 3 Revisão da literatura / Fundamentação teórica



Nesta parte do projeto de pesquisa, o investigador informa o estado do conhecimento acerca do seu objeto de estudo, tomando como referência os estudos já publicados sobre o assunto. As obras (autores) que constituem marcos de conhecimento da sua área são analisadas, em um texto de elaboração própria, em que o pesquisador faz uma apreciação do conteúdo das obras.

Bebber; Martinello (2002), têm que todo trabalho de pesquisa, seja ele qual for, necessita de uma listagem de documentos escritos que lhe dêem o suporte teórico, lembrando que nenhuma descoberta científica parte do nada, do zero.

Em face disto, é necessário que todo o projeto venha acompanhado de fontes, sobre as quais se fundamentará o novo trabalho. Esta listagem de livros ou fontes pode vir acompanhada de um breve sumário, indicando os conteúdos pertinentes ao objeto da pesquisa (BBEER; MARTINELLO, 2002, p. 39).

O proponente da pesquisa deve:

• Demonstrar o seu conhecimento acerca da literatura básica sobre o assunto, resumindo os resultados de estudos de outros autores;
• Apresentar em blocos de assunto, mostrando a evolução do tema de forma integrada;
• Fazer citações de obras de outros autores que vão fundamentar teoricamente o trabalho;
• Fazer uma análise interpretativa própria das idéias dos autores consultados;
• Toda obra analisada precisa constar na lista de referências e referenciar as menções conforme a ABNT.
• Constituir o seu quadro de fundamentação teórica, não esquecendo de se preocupar com a ordenação da idéias e lembrando que o texto tem que ter seqüência lógica (início, meio e fim).

Para a revisão (o levantamento) da literatura sugere-se ao proponente da pesquisa observar:

a) Locais de coletas > Determine com antecedência que bibliotecas, arquivos, acervos, agências governamentais ou particulares, instituições, empresas, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.

b) Registro de documentos > Esteja preparado para fazer fichas ou copiar os documentos, seja através de xerox, fotografias scanner,ou outro meio qualquer.

c) Organização > Separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa.

O levantamento de literatura pode ser determinado em dois níveis: a - nível geral do tema a ser tratado (relação de todas as obras ou documentos sobre o assunto). b - nível específico a ser tratado (relação somente das obras ou documentos que contenham dados referentes à especificidade do tema a ser tratado.

Um bom aproveitamento nos estudos, além da eficiência na leitura, supõe o uso de alguns apontamentos, (como sublinha, esquema, resumo, resenha, ficha ou sumário) ou a aplicação sistemática e habitual de outras técnicas que facilitam a compreensão, a retenção, a memorização e, ainda, a documentação posterior (BASTOS; KELLER, 1993, p. 44). Tomar apontamentos é transladar, formal ou conceptualmente, os dados, fatos ou proporções notáveis de uma fonte oral ou escrita, para um caderno, pasta ou fichário de uso pessoal.

Sobre esta parte – do referencial teórico – as normas da UnC dizem que o aluno deve construir uma moldura conceitual do tema, fazendo a ligação entre a bibliografia pesquisada e o problema formulado. O assunto deve apresentar os seus limites e confrontações, contendo citações e depoimentos de autores, com a devida referência e argumentações. Esta seção do projeto serve para dar embasamento teórico na realização da pesquisa:

Com efeito, o referencial teórico também mostra o entendimento do pesquisador acerca do assunto, bem como os autores utilizados. Assim, o conteúdo mostra se existe uma visão parcial da teoria ou se está contemplando diversos autores e correntes de pensamento. Também é nesta seção que o autor do trabalho deve mostrar domínio da escrita, afinal, este esforço permite que se tenha contato com as principais obras sobre o tema que se pretende estudar. Um referencial teórico consistente e bem elaborado facilita o andamento da pesquisa. Ele clareia e dá novas idéias sobre as possíveis soluções para o problema, além de indicar os passos que já foram dados em pesquisas anteriores.
Para aumentar a consistência do referencial, sugere-se que sejam usadas, principalmente, publicações científicas e artigos publicados em eventos de relevância na área. Estes textos, além de garantirem a cientificidade do trabalho, são fontes ricas de experiências e estudos já realizados. Desta forma, um estudo pode se tornar mais confiável e objetivo, tanto quanto for a qualidade das referências utilizadas (In: Normalização de Trabalhos Acadêmicos da UnC. Internet).




7. 4 Método


O conhecimento científico, tal como conhecemos hoje, data de um período muito recente. O caráter científico dos estudos e pesquisas só adquiriu status de ciência na idade moderna da história, quando a ciência moderna passou a determinar um objeto específico de investigação, necessitando criar um método para estabelecer o controle desse conhecimento. Com a utilização do método, a ciência passou a produzir conhecimento sistemático, mais preciso em relação às outras formas. Hoje sabemos que a verdade absoluta em relação ao conhecimento não existe, ele é sempre aproximado. Com o conhecimento científico, os cientistas e pesquisadores começaram a descobrir relações universais e necessárias entre os fenômenos, permitindo a previsão de acontecimentos e um agir sobre a natureza de forma mais segura.

Na ciência, não existe um método único para a investigação e, segundo KÖCHE, “[...] há tantos métodos quantos são os problemas analisados e os investigadores existentes” (1978, p. 34). Para ele, “Não existe um modelo com normas prontas, definitivas, pelo simples fato de que a investigação deve se orientar de acordo com as características do problema a ser investigado, das hipóteses formuladas, das condições conjunturais e da habilidade crítica e capacidade criativa do investigador” (op. cit).

A palavra método deriva do grego e quer dizer caminho. Método então, no nosso caso, é a ordenação de um conjunto de etapas a serem cumpridas ordenadamente no estudo de uma ciência, na busca de uma verdade ou para se chegar a um determinado conhecimento. Pergunta-se: Qual o melhor procedimento para se atingir um conhecimento mais seguro?


Métodos científicos:


a) Método Dedutivo (racional) > do geral ao particular = racionalismo

O pensamento é dedutivo quando, a partir de enunciados mais gerais dispostos ordenadamente como premissas de um raciocínio, chega a uma conclusão particular ou menos geral. Uma definição bem simples para o termo Dedução: É conclusão baseada em algumas proposições ou resultados de experiências.

Segundo Richardson (1999), o Método Científico Clássico sempre é caracterizado pela observação da realidade que conduz o investigador a:

> Formulação de um problema
> Busca de informações sobre esse problema
> Levantamento de hipóteses
> Predição do resultado de teste e das hipóteses
> Procedimentos de experimentação
> Aceitação ou rejeição das hipóteses

b) Método Indutivo (experimental) > do particular ao geral = empirismo

A indução é um processo de raciocínio inverso ao processo dedutivo. Enquanto a dedução parte de enunciados mais gerais para chegar à conclusão particular ou menos geral, a indução caminha do registro de fatos singulares ou menos gerais para chegar à conclusão desdobrada ou ampliada em enunciado mais geral. Compreende as fases de observação, hipótese e experimentação.

O método indutivo (ou de indução experimental) pode ser sintetizado nos seguintes passos:

> Observação do fenômeno
> Análise dos elementos constituintes do fenômeno, estabelecendo as relações entre eles
> Indução de hipóteses a partir da relação dos elementos do fenômeno
> Verificação das hipóteses através do experimento
> Generalização do resultado do experimento, obtendo-se uma lei a partir da confirmação das hipóteses.

Uma definição para o termo Indução: "Processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas" (Lakatos, Marconi, 1991, p. 47).

c) Método dialético

Este método se caracteriza pelo confronto entre dois enfoques contraditórios sobre um mesmo tema, resultando uma compreensão mais abrangente sobre a questão. A dialética incorpora as duas dimensões anteriores – dedução e indução - que não contemplam a subjetividade das ciências humanas.



7. 5 Procedimentos metodológicos (ou Metodologia)



Para alguns autores, num projeto de pesquisa a parte que trata especificamente da “metodologia”, vem logo a seguir à parte introdutória (tema, problema, hipótese, objetivos e revisão bibliográfica), ou seja, faz parte não da introdução, mas do desenvolvimento. Entretanto, há outros autores que incluem a metodologia no corpo da primeira etapa, a introdutória, considerando que todo o trabalho de investigação possui inter-relação direta dos objetivos com a metodologia empregada = um em função do outro.

Para nós, esta colocação dos procedimentos metodológicos no corpo do projeto, depende do tipo de pesquisa a que se propõe o investigador e das técnicas a serem utilizadas. Tanto para uma forma ou para outra, a metodologia insere-se: ou no final da parte de introdução ou no início na parte de desenvolvimento.

A metodologia responde basicamente a três perguntas: De que se trata? Como foi realizado o estudo? Quais as suas limitações? Conforme Castro (1977) “a metodologia especula, através da ciência, interesses sobre problemas práticos”. Como, com quê, onde será feito o estudo, tanto do ponto de vista teórico, como prático. Máttar Neto (2002, p.144) diz, que a “[...] metodologia deve descrever por quais meios as hipóteses levantadas serão testadas e verificadas e como serão trabalhados e configurados os resultados desses testes.” Deve-se seguir os passos e detalhar as etapas a serem concretizadas:

1. natureza e tipo de pesquisa;
2. técnicas e instrumentos de coleta de dados;
3. delimitação do universo (se houver);
4. tipo de amostragem (se houver);
5. procedimentos para análise de dados.




7. 5. 1 Pesquisas envolvendo seres humanos e animais – ALERTA!



Quando da elaboração de um projeto de pesquisa que envolverá seres humanos e animais, obrigatoriamente, o aluno ou docente pesquisador deverá explicitar na parte que trata da metodologia:

1. Amostra (descrição das características da população a estudar: tamanho da amostra, faixa etária, sexo, cor (classificação do IBGE), estado geral de saúde, classes e grupos sociais);
2. Número de participantes (descrever a forma de definição da amostra participante);
3. Descrição dos planos para o recrutamento de indivíduos e os procedimentos a serem seguidos: critérios de inclusão/exclusão (porque se optou por determinado grupo de pessoas e porque se excluiu outro);
4. Expor as razões para a utilização de grupos vulneráveis (se houver): índios, menores de 18 anos de idade, portadores de deficiência mental, embrião/feto, elação de dependência (estudantes, militares, presidiários);
5. Informar se existe grupo de controle, se os grupos foram formados ao acaso, se todos têm o mesmo tamanho (espécimes, registros, radiografias, etc.);
6. Explicitar critérios para suspender ou encerrar a pesquisa, bem como o acompanhamento a ser dado aos participantes, se for o caso;
7. Descrição dos métodos que afetem os sujeitos da pesquisa. Ex: prontuários, dossiês, bancos de dados, documentos e outros;
8. Identificação das fontes de materiais de pesquisa, espécimes, registros e dados a serem obtidos de seres humanos (entrevistas, questionários, discussão de grupo, fluídos corporais e tecidos, outros);
9. Análise crítica dos riscos e benefícios (verificar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE);
10. Duração total da pesquisa, a partir da aprovação pelo Comitê;
11. Início (cronograma);
12. Término (cronograma).
13. Quanto ao local da pesquisa:
14. Descrição das instalações dos serviços, centros, comunidades e instituições nas quais se processarão as várias etapas da pesquisa;
15. Demonstrativo da existência de infra-estrutura necessária ao desenvolvimento da pesquisa e para atender aos eventuais problemas dela resultantes com a concordância documentada da Instituição.
16. Orçamento financeiro detalhado da pesquisa: recursos, fontes e destinação dos recursos, bem como a forma e o valor da remuneração do pesquisador.




7. 5. 1 Instrumentos de Coletas de Dados - Técnicas



Questionário

- O Questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta de dados. Se sua confecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento é realizado pelo informante.
- A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Não é recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça necessário por necessidade de características de linguagem do grupo (grupo de surfistas, por exemplo)
- Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.


Entrevista

- É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela esteja sendo realizada, as informações necessárias não deixem de ser colhidas.
- As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada.
- Procure selecionar pessoas que realmente têm o conhecimento necessário para satisfazer suas necessidades de informação.
- Prepare com antecedência as perguntas a serem feitas ao entrevistado e a ordem em que elas devem acontecer.
- Procure realizar uma entrevista com alguém que poderá fazer uma crítica de sua postura antes de se encontrar com o entrevistado de sua escolha.

Diante do entrevistado:

- Estabeleça uma relação amistosa e não trave um debate de idéias.
- Não demonstre insegurança ou admiração excessiva diante do entrevistado para que isto não venha prejudicar a relação entre entrevistador e entrevistado.
- Deixe que as questões surjam naturalmente, evitando que a entrevista assuma um caráter de uma inquisição ou de um interrogatório policial, ou ainda que a entrevista se torne um "questionário oral".
- Seja objetivo, já que entrevistas muito longas podem se tornar cansativas para o entrevistado.
- Procure encorajar o entrevistado para as respostas, evitando que ele se sinta falando sozinho.
- Vá anotando as informações do entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua próxima indagação, enquanto você escreve.
- Caso use um gravador, não deixe de pedir sua permissão para tal. Lembramos que o uso do gravador pode inibir o entrevistado.

Observação

- Antes de iniciar o processo de observação, procure examinar o local.
- Determine que tipo de fenômenos merecerão registros.
- Crie, com antecedência, uma espécie de lista ou mapa de registro de fenômenos. Procure estipular algumas categorias dignas de observação.
- Esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam durante a observação, que não eram esperados no seu planejamento.
- Para realizar registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos etc.), caso o objeto de sua observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, prepare-os para tal ação. Eles não devem ser pegos de surpresa.

Análise de Conteúdo

- Os documentos como fonte de pesquisa podem ser primárias ou secundárias.
- As fontes primárias são os documentos que gerarão análises para posterior criação de informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias, cartas, artigos etc.
- As fontes secundárias são as obras nas quais as informações já foram elaboradas (livros, apostilas, teses, monografias etc., por exemplo).
- Determine com antecedência que bibliotecas, agências governamentais ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.
- Esteja preparado para copiar os documentos, seja através de xerox, fotografias ou outro meio qualquer.
- Separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa.

A Internet:

A Internet representa uma novidade nos meios de pesquisa. Trata-se de uma rede mundial de comunicação via computador, onde as informações são trocadas livremente entre todos.
Sem dúvida, a Internet representa uma revolução no que concerne à troca de informação. A partir dela, todos podem informar a todos. Mas, se ela pode facilitar a busca e a coleta de dados, ao mesmo tempo oferece alguns perigos; na verdade, as informações passadas por essa rede não têm critérios de manutenção de qualidade da informação.
Explicando melhor: qualquer um pode colocar sua "Homepage" (ou sua Página) na rede. Vamos supor que um indivíduo coloque sua página na "net" (rede) e o objetivo desta página seja falar sobre a História do Brasil: ele pode perfeitamente, sem que ninguém o impeça, dizer que o Brasil foi descoberto "por Diogo da Silva, no ano de 1325". Sendo assim, devemos levar em conta que toda e qualquer informação colhida na Internet deverá ser confirmada antes de divulgada.




7. 6 Recursos, Orçamento e Cronograma


Concluindo esta parte da abordagem sobre projetos de pesquisa, destacamos dois momentos finais, que tratam do orçamento (custos) e do desenvolvimento da pesquisa no tempo.

7. 6. 1 Recursos (Orçamento)

Neste tópico devem ser listados os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto. Com isto, torna-se possível avaliar se o projeto é viável e se terá condições de êxito.

Os recursos podem ser divididos em humanos (quem vai desenvolver a pesquisa), materiais – consumo, permanentes e físicos – além dos financeiros, com uma estimativa do custo total do projeto.

Normalmente as monografias, as dissertações e as teses acadêmicas não necessitam que sejam expressos os recursos financeiros. Os recursos financeiros só serão incluídos quando o projeto for apresentado para uma instituição financiadora de Projetos de Pesquisa.

Eventualmente, alguns recursos já podem estar disponíveis, o que não impede que sejam listados, pois são necessários ao desenvolvimento do projeto. Os recursos já disponíveis devem ser descontados nos recursos financeiros, após a sua somatória

Os chamados recursos podem estar divididos em Material Permanente, Material de Consumo e Pessoal, sendo que esta divisão vai ser definida a partir dos critérios de organização de cada um ou das exigências da instituição onde está sendo apresentado o Projeto.


Material permanente

São aqueles materiais que têm uma durabilidade prolongada. Normalmente é definido como bens duráveis que não são consumidos durante a realização da pesquisa. Podem ser: geladeiras, ar refrigerado, computadores, impressoras etc.

Exemplo:
ITEM CUSTO (R$)
Computador 1.700,00
Impressora 500,00
Scanner 400,00
Mesa para o computador 300,00
Cadeira para a mesa 200,00
TOTAL: 3.100,00


Material de Consumo

São aqueles materiais que não têm uma durabilidade prolongada. Normalmente é definido como bens que são consumidos durante a realização da pesquisa. Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta etc.

Exemplo:
ITEM CUSTO (R$)
10 caixas de disquete para computador 100,00
10 resmas de papel tipo A4 200,00
10 cartuchos de tinta para impressora 650,00
TOTAL: 950,00


Pessoal

É a relação de pagamento com pessoal, incluindo despesas com impostos.

Exemplo:
ITEM MENSAL (R$) TOTAL (R$)
(10 meses)
1 estagiário pesquisador 500,00 5.000,00
1 datilógrafo 200,00 2.000,00
1 revisor 2.000,00
Impostos incidentes (hipotético) 4.000,00
TOTAL: 700,00 13.000,00


7. 6. 2 Cronograma


Entende-se por cronograma a parte que trata da distribuição das etapas de tempo da elaboração do estudo no tempo, tendo como base o prazo final de entrega: elaboração do projeto, coleta de dados, tabulação e análise de dados, elaboração do relatório final.

O cronograma é a distribuição das atividades relacionadas com o projeto no tempo previsto para a execução do trabalho. Dependendo do projeto, esta distribuição poderá ser feita em dias, semanas, meses, bimestres ou até anos. Os prazos serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados por cada pesquisador.

É interessante que se listem, em colunas, as atividades a serem executadas, mencionando-se o período de início, de desenvolvimento e do fim da pesquisa. As atividades e os períodos serão definidos a partir das características de cada pesquisa e dos critérios determinados pelo autor do trabalho.

Um exemplo:

ATIVIDADES
1. Levantamento de literatura
2. Montagem do Projeto
3. Coleta de dados
4. Processamento dos dados
5. Elaboração do Relatório Final
6. Revisão do texto
7. Entrega do trabalho

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